Li Menezes ")

Pra toda vida
Li Menezes ")
03/2007
Os cabelos lisos e finos passam de um dedo para o outro, não na esperança de virar um cacho mas só pelo prazer de enrolar.
Neste despretencioso gesto e mania, viaja. A mente vai longe... no peso que precisa perder, no guarda-roupa que precisa arrumar, no amor não correspondido e de saco cheio do vazio em si mesma.
Ele chega, senta perto e o coração dela vai na guela.
Puxa um papo musical, puramente musical.
Ela vira pra frente disfarçando a decepção e volta a trabalhar tentando se concentrar.
Para ele, ela não passa de uma clave de sol.
Li Menezes ")
09/02/07 9:00am

"O relógio não para. Não cede as minhas súplicas e vai, girando sem parar.
A indiferença, misturada com a atenção, é o que torna meu amor mais platônico e me deixa em estado de erotomania pura.
A música continua, o perfume me embriaga e a mente vagueia sonhando com ele, não ali mas onde não haveriam olhos nos observando curiosos, o tempo não corresse tão rápido e eu pudesse beijá-lo demoradamente.
Ele me pergunta da música com um sorriso estonteante, tão perto de mim que me desconcentra totalmente.
A angústia vai aumentando a medida que o tempo corre...

Time out!
Lídia, vai logar."

Bons tempos.
Li Menezes ")
Eu queria ser artista
Dessas que pintam quadros e tocam piano
Quem tem todos os sentimentos juntos em pinceladas e dedilhadas que dão
Que tocam o íntimo com cores e sons
Li Menezes ")
15/10/07 (achei este texto num pedaço de sulfite no meio da minha bagunça)

No reflexo na janela do ônibus vejo muitos rostos. Cansados, cisudos, cantando, pensando... No que será que estão pensando? Olho para onde eles estão olhando e geralmente é o nada ou seu próprio reflexo (eles ficam sem jeito quando percebem que os observo).
Ás 15hrs no 724P Campo Limpo, são sempre os mesmos passageiros. Há um que é o meu preferido. Não sei seu nome, sua idade, se é casado ou não, sei que ele me intriga.
Se eu soubesse desenhar, faria um retrato dele e colocaria numa moldura bonita pendurada na parede do meu quarto. É um senhor, cabelos bem grisalhos e longos amarrados num rabo de cavalo, a barba é grande porém bem cuidada, está sempre absorto num livro ou observando alguém também. Na verdade mais vidrado nos rostos cansados dos passageiros do que nos livros. Talvez, além da imagem, ele veja o reflexo da alma de quem observa.
Li Menezes ")
O dia de sol lá fora, e eu o dia inteiro em casa...
Mas eu precisava descansar..
Li Menezes ")
Quando temos um ideal não conseguimos tirá-lo de nosso coração. Mesmo que tentemos enterrá-lo a 7 palmos, ele ressuscita um dia e vem puxar nossos pés a noite. Desde que me tornei membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, quis servir como missionária. Fazer o mesmo que os élders fizeram comigo.
Preenchi os papéis, mas nada de enviar. Algo sempre me impedia...
Passados três anos, alguém muito próximo de mim decidiu também ir. Já enviou o dossiê e sinto que está cada dia mais distante. Dois anos sem poder ouvir a voz dele e só ler suas cartas. Pois é... o Rodrigo vai para a missão.
E agora? Casamento adiado, noivo longe de mim, sem vínculo empregatício com a Atento Brasil S/A... o que me impede de ir? Nada. Sendo assim...não posso ficar aqui sentada.
Vou amigos!
Desejem-me sorte nessa aventura pois estou muito feliz com essa decisão!
Li Menezes ")
Sou antiga.

Gosto das tradições e não de bebida.

Baladas no sábado a noite nem pensar pois domingo pra mim é Shabat.

Acredito em Deus, no diabo e sexo antes do casamento é pecado.

Nada de palavrão ou lavo sua boca com cândida e sabão.

Odeio a moda e sua ditadura, tudo o que eu quero é um vestido florido. Chega de consumismo!

O essencial pra viver, é assim que tem que ser.

Meu pai, minha mãe, meus irmãos, tias, tios e avó. Familia.

Esse canto é meu.

Agora por favor, me deixa ser eu.
Li Menezes ")
Como antigamente, a mãe coloca a aliança no pretendente da filha e o aceita como futuro genro. Toda a família reunida, carne assando na churrasqueira novinha e a maionese saindo da geladeira. No karaoquê alguém canta "aqueles olhos verdes" no fundo "viva os noivos!". Recebo um cheiro e um beijo na testa com a jura de amor eterno. Estou noiva, noivíssima e com data de casamento marcada. Alguns podem dizer que é cedo, precipitado e coisas pessimistas, mas estou feliz. Muito feliz, descobri nele o homem que eu sempre quis.
Li Menezes ")
Hoje no ônibus, no caminho de casa, presenciei uma cena engraçada. O casal entrou no coletivo lotado e ficaram um de frente para o outro. Enquanto conversavam, o cara acariciava o braço da moçoila, concentrando sua atenção nos cotovelos da mesma. Olhei para o lado e mais um casal conversando, o rapaz, como o anterior, acariciando os cotovelos da gaja.

Engraçado como sempre que estamos em pé, conversando, namorando, ele me acaricia os cotovelos também.
Os cotovelos. Enrugados, as vezes cinzas por falta de creme hidratante, escuros e feios. E por que será que mesmo com essas características eles recebem tanta atenção e carinho? Não sei. Acho estranho, engraçado, mas gosto da sensação. E não pelo fato de ser nos cotovelos cinzas, e sim pelo ato de receber o carinho da pessoa amada. Não importa se no rosto aveludado ou nas juntas enrugadas.
Li Menezes ")
Sexta, 18hrs, depois de chegar com minha mãe da reunião de executivas da Tupperware deparo-me com a triste realidade de ter que ficar em casa. Nem sempre é triste, as vezes pego uns filmes, compro pizzas e me esbaldo na coca-cola com meus irmãos ( fico triste depois que me peso).

Mas hoje, eu não estava pra filmes, pizza e risadas com o Adelf.

Meu siso deu sinal de vida, e que vida. Então minha paciência estava no limite, na boca do copo.

Entrei no msn, falei com uma amiga de muito tempo, fucei o limão, entrei no site da boa forma, entrei no site da fapcom, tirei dúvidas on line com o Alek e me entediei.

A essa altura a novela das oito ja tinha acabado e o erotismo barato do BBB8 já estava pra começar. Recuso-me. Recluso-me.

Raskólhnikov me espera...me encontra. Será que ele vai mesmo matá-la?? Não esperei pra saber.

Volto ao cyber espaço. Ó..não sou só eu em casa na sexta a noite bodiada...

Discussões emésenenianas com um amigo que quer colorir-se...francês online com a Rê e falta de assunto com outras pessoas...

E assim sobrevivi a mais uma sexta em casa.

Alguééém! Salve-me...
Li Menezes ")
De volta...Véspera do natal, hora do almoço, a Zilda tem um ataque de choro. Como criança, chora por não ter a mãe por perto e a família reunida para o natal. Nunca se fazem ceias natalinas na casa dela, a mãe e o resto da família trabalham na virada pra um buffett ( compensa ), o pai diz ser "tradicional bíblico" e não comemora o natal. Segundo ele deveríamos comemorar a morte e ressurreição do Cristo. Ok, todo ano ouvia-se a mesma explicação dessa peculiaridade jacintiana, mas estar com a família dispersa enquanto todos unem as suas para comemorar o nascimento do messias e trocar presentes é triste. Ele como um bom pai lembrou-a do jantar de ação de graças no último dia do ano e que nos amamos o ano inteiro, jantamos juntos o ano inteiro, nos abraçamos e trocamos presentes o ano inteiro e por fim desejamos a felicidade um do outro o ano inteiro.

Ela chorou mais ainda, poque percebeu o quanto um amava o outro naquela família independente de ceias de natal e amigos secretos. Família unida é isso.
Li Menezes ")
Sexta, 18hrs, depois de chegar com minha mãe da reunião de executivas da Tupperware deparo-me com a triste realidade de ter que ficar em casa. Nem sempre é triste, as vezes pego uns filmes, compro pizzas e me esbaldo na coca-cola com meus irmãos ( fico triste depois que me peso).

Mas hoje, eu não estava pra filmes, pizza e risadas com o Adelf.

Meu siso deu sinal de vida, e que vida. Então minha paciência estava no limite, na boca do copo.

Entrei no msn, falei com uma amiga de muito tempo, fucei o limão, entrei no site da boa forma, entrei no site da fapcom, tirei dúvidas on line com o Alek e me entediei.

A essa altura a novela das oito ja tinha acabado e o erotismo barato do BBB8 já estava pra começar. Recuso-me. Recluso-me.

Raskólhnikov me espera...me encontra. Será que ele vai mesmo matá-la?? Não esperei pra saber.

Volto ao cyber espaço. Ó..não sou só eu em casa na sexta a noite bodiada...

Discussões emésenenianas com um amigo que quer colorir-se...francês online com a Rê e falta de assunto com outras pessoas...

E assim sobrevivi a mais uma sexta em casa.

Alguééém! Salve-me...

( Postado em 10/01/2008 no sacaricando.zip.net )
Li Menezes ")
Essa semana estava arrumando meu quarto quando achei minha caixa verde de bagunça. Sempre mudamos muito de casa, estado, cidade, bairro, e pra qualquer lugar que fossemos eu fazia questão que levassem minha caixa. Um pouco de todos os amigos que tive e tenho estão naquela caixa. Eu tinha que levar.
Abri. Nossa, deu até um frio na barriga, essa caixa abriga recordações de 10 anos mais ou menos.
Cartas, bilhetinhos de amores adolescentes e platônicos, bonequinhas, anel de latinha, papel de bala...eu disse, uma caixa de bagunça.
Tudo que eu ganhava ia colocando cuidadosamente, quase que como ritual, na caixa verde. Acho que até por privacidade, afinal sempre dividi o quarto com meus adoráveis e bisbilhoteiros irmãos.
Decidi dar uma pausa na faxina e viajar no tempo na minha caixa verde.
Cada papelzinho que eu pegava na mão me fazia voltar o momento que o recebi.
As cartas tão esperadas da Debora eram o conforto da minha solidão arraiana.
O anel de latinha de Sprite tomada num dia quente em Brasília com o Eduardo no "recreio" me fez sentir o gosto do refri e a felicidade da companhia outra vez.
O diário pré-adolescente com capa de bruxinha mostrou o quanto eu era feliz e não sabia.
Naquela época tudo era pra ontem e se ele não me quisesse...suicídio com leite condensado, oras!
Cada coisinha que eu guardava e minha mãe sempre achou que era lixo, hoje é meu tesouro, minha essência.
Meus bisnetos saberão quem fui ao vasculhar a caixa.
Sou aquilo que lembro, o que tenho de recordação.

(Postado em 06/11/2007 no sacaricando.zip.net)
Li Menezes ")
Todas agitadas. "Vai! Ela vai jogar o buquê!!" Eu já de saco cheio, sem ar com aquele vestido super apertado e que me deixava 15klg mais gorda fui tentar me divertir...pensei: mas nem namorado eu tenho oras! As gajas todas afoitas e sorridentes, até idosas querendo pelo menos um ramo do dito...isso vai dar briga. Na tentativa de agradar e com uma fezinha na lenda fui atras do bem amado buquê. Certo, fui bem na frente, afinal ela vai jogar lá pro final e eu não faço papel de solteirona desesperada. 1 2 3 Uhuuuuuuuuuuuu!Bem na minha mão!! Uma velha tentou puxar de mim, opa! Peraí brother!!! Já que veio de bandeija, larga que é meu!!!

( Postado em 19/10/2007 no sacaricando.zip.net )
Li Menezes ")
Na sala o pai assiste a formula 1, na cozinha a mãe arruma a mesa para o café com a ajuda de Elisa, e eu aqui na cama ouvindo o canto dos pneus e a voz alta e estridente da mãe. Reluto a me levantar, tão quentinho...cochilo. Meu corpo começa a doer, agora sim levanto. Muito a contra gosto, diga-se de passagem. O pai ainda na sala só que agora com o rádio ligado. Sozinha na mesa ( todos ja fizeram seu desjejum) como o meu pão ouvindo a obra prima de alguém tocando na "cultura fm". A mãe ja está afobada pensando no peixe que fará para o almoço, tomo meu leite. O pai pega um livro, migro para sala e juntos conversamos assuntos que se conversam em cafés filosóficos. Almoço pronto. Tem salada de atum!! Eu faço o suco! 2 pacotes para 1 litro e meio, afinal o pó não é de boa qualidade. Hoje é dia de descanso, depois de lavar os pratos relaxo um pouco na escada enquanto leio uma revista e tomo o solzinho frio da tarde. Cansada de não fazer nada, durmo. Duas horas de sono, acordo com os gritos da mãe: " Elisa! Seis e meia!!! Se arruma que vamos nos atrasar para a igreja!!!". Vão. O pai fica, ele seu ceticismo e seus livros. Bom eu tambem estou em casa. Antes eu ouvia muito: " vai ficar tudo bem.." e ficou...como sempre foi.


(Postado em 24/07/2007 no sacaricando.zip.net)
Li Menezes ")
Sentir o seu cheiro e ouvir sua respiração tão perto... momento único. A infusão de felicidade burbulhava dentro do meu corpo. Penetrei num plano de existência onde nada mais importava, não conseguia ouvir nem enxegar mais nada além de nós dois e o relógio. Angustiante, mas uma delícia! Se minha felicidade falasse, teria enchido o ambiente com um urro ensurdecedor. Pronto! Time out! Tempo esgotado, o relógio insistente me avisava a hora de ir. Tive de voltar ao mundo real e cruel onde esse romantismo quase que juvenil não passava de ilusão... de um amor platônico.

( Postado em 19/07/2007 no sacaricando.zip.net)