Li Menezes ")
Essa semana estava arrumando meu quarto quando achei minha caixa verde de bagunça. Sempre mudamos muito de casa, estado, cidade, bairro, e pra qualquer lugar que fossemos eu fazia questão que levassem minha caixa. Um pouco de todos os amigos que tive e tenho estão naquela caixa. Eu tinha que levar.
Abri. Nossa, deu até um frio na barriga, essa caixa abriga recordações de 10 anos mais ou menos.
Cartas, bilhetinhos de amores adolescentes e platônicos, bonequinhas, anel de latinha, papel de bala...eu disse, uma caixa de bagunça.
Tudo que eu ganhava ia colocando cuidadosamente, quase que como ritual, na caixa verde. Acho que até por privacidade, afinal sempre dividi o quarto com meus adoráveis e bisbilhoteiros irmãos.
Decidi dar uma pausa na faxina e viajar no tempo na minha caixa verde.
Cada papelzinho que eu pegava na mão me fazia voltar o momento que o recebi.
As cartas tão esperadas da Debora eram o conforto da minha solidão arraiana.
O anel de latinha de Sprite tomada num dia quente em Brasília com o Eduardo no "recreio" me fez sentir o gosto do refri e a felicidade da companhia outra vez.
O diário pré-adolescente com capa de bruxinha mostrou o quanto eu era feliz e não sabia.
Naquela época tudo era pra ontem e se ele não me quisesse...suicídio com leite condensado, oras!
Cada coisinha que eu guardava e minha mãe sempre achou que era lixo, hoje é meu tesouro, minha essência.
Meus bisnetos saberão quem fui ao vasculhar a caixa.
Sou aquilo que lembro, o que tenho de recordação.

(Postado em 06/11/2007 no sacaricando.zip.net)